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Atualidades › 04/09/2023

‘Cabos elétricos viraram uma questão estratégica’, afirma CEO da Prysmian Brazil

Escrito por: Joao Montenegro

A fabricante italiana de cabos elétricos Prysmian prevê grandes oportunidades de negócios no Brasil nos próximos anos, dada a expansão das redes de transmissão e distribuição de energia do país.

Outro motor importante é o sector do petróleo e do gás, que está cada vez mais electrificado para ganhar eficiência e reduzir o seu impacto ambiental.

Nesta entrevista ao BNamericas, o CEO da empresa no Brasil, Raul Gil, analisa os cenários e tendências globais e locais.

BNamericas: Quais são as perspectivas para os negócios da Prysmian?

Gil: Cabos elétricos viraram uma questão estratégica.

Todo o processo de descarbonização está, no fundo, conectado às fontes renováveis e à eletrificação da matriz energética, que precisa de cabos.

Então, passamos de um tempo em que os cabos eram um produto basicamente associado à cadeia de valor industrial para estar no centro de uma macro-trend global.

Isto muda nosso posicionamento. Passamos a ser uma empresa imprescindível para a descarbonização.

BNamericas: E quanto ao Brasil?

Gil: A transição energética só acontecerá se não houver um custo adicional na eletricidade e energia, e o Brasil é bom nisso. A energia solar, por exemplo, começou com subsídios e terminou competindo no mercado livre.

O Brasil tem uma matriz elétrica praticamente única, com renováveis respondendo por aproximadamente 75% do total. É uma matriz muito privilegiada.

Então, quais são os próximos passos? Hoje, o consumo de energia por habitante no Brasil é relativamente baixo, mas ele vai crescer porque há muito potencial na classe média emergente. E isso tem que acontecer com renováveis. Portanto, será preciso reforçar a rede via leilões de transmissão e investir em novas redes de distribuição para geração distribuída solar.

O setor de transportes está muito pouco eletrificado, então vejo grande oportunidade nessa área também.

Além disso, o Brasil tem enorme potencial para exportar energia, incluindo hidrogênio verde, aproveitando seus baixos custos de geração de eletricidade. Isto vale para países vizinhos, que podem receber eletricidade via cabos aéreos ou submarinos.

BNamericas: Como você vê as perspectivas de eletrificação no setor de petróleo e gás?

Gil: A eletrificação das plataformas de produção é uma tendência no mundo e deve acontecer também no Brasil.

Temos, em Vila Velha [Espírito Santo], uma fábrica de umbilicais acionados hidraulicamente, mas que tendem a ser acionados eletricamente. Isto é algo que está no nosso radar.

BNamericas: A Petrobras está contratando um FPSO “totalmente elétrico”. Isso também acontecerá no submarino? Será que o modelo submarino-costa, que envolve a eliminação do topside, será uma realidade em algum momento no futuro?

Gil: O topside já está muito elétrico, e o fundo do mar seguirá o mesmo caminho. O subsea to shore depende diretamente da eletrificação.

BNamericas: Voltando ao setor elétrico, quais as oportunidades em vista?

Gil: Nosso core business é o mundo da geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. Temos, por exemplo, projetos de 345 kV para enterrar cabos no centro urbano de São Paulo. Projetos de corrente contínua na Amazônia, a fim de escoar energia da região para o Sudeste. Cabos de transmissão para empresas como a CPFL Energia e a Neoenergia.

Como eu disse, as renováveis vão crescer no Brasil, tanto solar centralizada como distribuída, além da energia eólica. E isso vai precisar sempre de investimentos em transmissão e distribuição.

Eu vejo os próximos 15 anos como um período muito fértil para esses segmentos no Brasil. Temos uma presença importante nessas áreas. Serão anos muito produtivos para nós no país.

O Brasil tem muitos fornecedores de baixa tensão, com menor tecnologia. Quando se aumenta a tecnologia, aumenta-se a tensão dos cabos. E aí somos ainda mais competitivos.

A qualidade da rede no Brasil tem muito que melhorar. Há muitas linhas aéreas antigas. E esta é uma oportunidade de negócios para a Prysmian, não só visando a ganhos de estabilidade como de segurança. Há muitos incêndios e até mortes que ocorrem por falta de segurança na rede.

BNamericas: Quais investimentos a Prysmian planeja fazer no Brasil?

Gil: Investimos cerca de R$ 400 milhões no Brasil nos últimos 5 anos, e investiremos mais de R$ 50 milhões no país em 2023.

Estamos investindo em capacidade. Temos fábrica em Poços de Caldas, em Minas Gerais, que é a maior planta na América do Sul, onde produzimos cabos de média e alta tensão. Estamos comissionando uma quinta linha de produção e já pensando em uma sexta.

Fonte: www.bnamericas.com

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